Delegacia humaniza acolhimento de vítimas de crimes hediondos com atendimento psicossocial

Há dois meses, a Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), da Polícia Civil do Amazonas, dispõe de um atendimento psicossocial para receber crianças e adolescentes vítimas de crimes hediondos cujos autores são menores de idade. O serviço conta com psicólogo e assistente social , humaniza e oferece uma escuta especializada, fornecendo uma espécie de acolhimento às vítimas, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O serviço prestado pela especializada humaniza o atendimento a vítimas
O serviço prestado pela especializada humaniza o atendimento a vítimas – FOTO: Carlos Soares/SSP

Além dos crimes de estupro, a equipe atende a casos de desobediência e agressão que acontecem dentro do seio familiar. De acordo com a Deaai, em 2019, foram registrados 125 casos de estupro praticados por menor de 18 anos. Nos primeiros cinco meses de 2020, foram registrados 31 casos.

De acordo com a titular da especializada, Elizabeth de Paula, a implantação do atendimento psicossocial era um sonho antigo, uma vez que eles recebem muitos casos de crimes hediondos, o que requer uma escuta especializada para entender como se deu a dinâmica do crime e a motivação dos casos.

“É um trabalho demorado, porque nós observamos que é necessário um tempo maior para ouvir a criança, e então precisamos fazer algumas diligências para confirmar o que está acontecendo ali, para depois tentar entender o que está acontecendo dentro daquele lar, se realmente houve um estupro ou não. O objetivo principal do trabalho dentro da delegacia é esse. Durante o atendimento do ato infracional, eu preciso de um suporte às vezes ligado ao psicólogo, para que ele busque ouvir aquela criança, que está com aquele sofrimento”, relatou.

O serviço prestado pela especializada humaniza o atendimento a vítimas
Atendimento especializado para quem precisa de ajuda – FOTO: Carlos Soares/SSP

Um dos casos atendidos pelo psicossocial ocorreu em um abrigo venezuelano, onde um menor de idade praticou violência sexual contra crianças. Além de ouvir as vítimas e o autor, a equipe da especializada foi até local para verificar onde ocorriam os crimes e dimensionar como tudo aconteceu. Além das provas testemunhais, o trabalho do psicossocial reuniu provas técnicas para embasar o inquérito policial.

O atendimento psicossocial na Deaai funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. “Nós funcionamos 24 horas por dia, então caso cheguem casos de madrugada, o delegado plantonista faz um filtro e encaminha para o atendimento psicossocial no dia seguinte”, afirmou Elizabeth de Paula.