A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) determinou a montagem de uma Ação de Investigação para identificar e prender os autores dos homicídios registrados em Manaus, especialmente no mês de junho e no último final de semana. Um grupo formado por 34 delegados, coordenado pela Delegacia Geral da Polícia Civil, vai acompanhar os casos com o objetivo de dar maior celeridade na elucidação dos crimes. As denúncias podem ser feitas anonimamente através do telefone 181.
Coordenado pelo delegado-Geral da Polícia Civil do Amazonas, Mariolino Brito, o grupamento de 35 delegados vai trabalhar com equipes especializadas, 24 horas por dia, para elucidar os casos e prender acusados de homicídios identificados em investigações. Segundo Mariolino Brito, a ação não tem prazo para encerramento.
“Os delegados vão coordenar equipes que vão trabalhar dia e noite para inibir novos homicídios, elucidar os casos e prender os suspeitos. Eles estarão a postos enquanto houver necessidade”, frisou o delegado geral.
De janeiro até junho deste ano, o trabalho das forças de segurança do Amazonas resultou na prisão de 312 acusados de homicídios em Manaus. No primeiro semestre, a capital registrou 436 mortes violentas, o que representa uma redução de 12% frente ao mesmo período de 2017, quando ocorreram 496 assassinatos. Até o dia 23 de julho, a capital registrou 79 homicídios.
De acordo com informações do setor de estatísticas, dos assassinatos registrados de janeiro a junho deste ano, 404 foram com características de execução. Investigações preliminares indicam que, pelo menos, 58% de todos os casos de homicídios têm como motivação inicial o tráfico de drogas. Das vítimas, 94,2% são do sexo masculino.
Na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), uma força tarefa montada aumentou o número de inquéritos concluídos e remetidos à Justiça. Este ano, 222 inquéritos foram encaminhados ao poder judiciário, o equivalente a 93% de tudo o que foi enviado ano passado. A medida proporciona avanço nas investigações porque os inquéritos servem de base para pedidos de novas diligências e prisões pela DEHS.
Recompensa em dinheiro – Até agora, a Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (SEAI) identificou seis criminosos ligados a uma facção como um dos grupos responsáveis pela autoria dos homicídios registrados nos últimos meses. São eles Kaio Wuellington Cardoso dos Santos, 25, vulgo ‘Mano Kaio’, Alexsandro Oliveira dos Santos, 29, vulgo ‘Sandrinho’, Alexandre Alves da Silva, 23, vulgo ‘Cagão’, Johnson Alves Barbosa, 30, vulgo ‘Playboy’, Bruno de Souza Carvalho, 31, vulgo ‘Bruno Fiel’, e Adalberto Salomão Guedes da Silva, 28, vulgo ‘Salomão’.
Denúncias que possam levar a localização e prisão dos criminosos podem ser feitas ao telefone 181 de forma sigilosa. Segundo o secretário de Inteligência, Herbert Lopes, os telefones estarão 24 horas por dia funcionando para receber as informações. Quem denunciar terá o sigilo da identidade garantido e, caso as informações levem à prisão, receberá uma compensação em dinheiro da Secretaria de Segurança Pública.
De acordo com o levantamento feito pela SEAI, juntos, os cinco criminosos procurados pelos homicídios respondem por 85 processos em andamento na Justiça do Amazonas por crimes como tráfico de drogas, roubos, organização criminosa e homicídios. Dos homicidas identificados até o momento, Kaio, Alexsandro, Alexandre, Johnson e Adalberto são foragidos do Centro de Detenção Provisória 2 (CDPM2), e saíram do presídio durante a fuga ocorrida no mês de maio. Bruno de Souza também é foragido da Justiça. Todos respondem a mais de um processo por homicídio.
Mano Kaio responde a 13 processos na Justiça por crimes como homicídio, tráfico de drogas, associação criminosa, roubo e roubo majorado. Jhonson Alves, o ‘Playboy’, tem 22 processos em curso e já foi preso por posso irregular de arma de fogo, tráfico de drogas e homicídio. Sandrinho, que responde a 13 processos, já foi preso por roubo, tráfico de drogas, associação criminosa e homicídios. Já Bruno Fiel, que possui 15 processos na Justiça, foi preso por tráfico de drogas, associação para o tráfico e homicídio. Cagão tem nove processos em trâmite na Justiça e já foi preso por tráfico, homicídio e associação para o tráfico. Salomão tem 14 processos em andamento e já foi preso por homicídio, tráfico, roubo, porte de arma de fogo e uso de documento falso.
Há duas semanas, a SSP-AM em articulação com a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) e outros órgãos fizeram a transferência de lideranças de facções criminosas da capital para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para onde oito detentos de alta periculosidade foram enviados. Além disso, revistas foram intensificadas no sistema prisional e a SSP-AM determinou mudanças no modelo de guarda externa da Polícia Militar, com aumento da presença policial nas muralhas.
“A causa desse impacto negativo do número de homicídios é, justamente, essa briga das facções pelo varejo do tráfico, desencadeada mais ainda pela fuga dos presos do CDPM 2. Mas já adotamos as medidas de contenção de maneira integrada e com inteligência. Vale salientar que todo o sistema de segurança tem os dados dos fugitivos e estamos fazendo as prisões”, destacou o secretário de segurança pública, Coronel Anézio Paiva.
Oito detentos foram recapturados do Centro de Detenção Provisória e as Polícias Civil e Militar mantêm as buscas. Um inquérito sobre a fuga do presídio, que ocorreu em maio, está sendo conduzido pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). As investigações sobre os foragidos acontecem diariamente. Informações também sobre o paradeiro dos foragidos podem ser fornecidas através do 181.