Segurança Pública do Amazonas cumpre maior reintegração de posse da história sem nenhum tiro ou ferido
O sistema de Segurança Pública do Amazonas conclui com sucesso nesta manhã do dia 2 mais uma reintegração de posse de terras invadidas, cumprindo ordem judicial, sem precisar disparar um tiro de borracha sequer, como já acontecera na semana passada em outras duas operações de retirada de invasores.
Uma área de mais de 3,2 milhões de metros quadrados, entre os quilômetros 35 e 40 da rodovia AM 70, que liga Manaus ao município de Manacapuru, foi invadida há pouco mais de um mês por um grupo aproximado de 600 pessoas, que fora notificado no último dia 26 sobre a liminar da Justiça de Iranduba determinando a desocupação do imóvel, reclamado por Deborah do Nascimento Souza.
A tropa de 70 homens das unidades de Choque, Rocam, Companhia de Cães e 8ª Companhia de Iranduba chegou à invasão por volta das 7h, acompanhada do oficial de Justiça, que novamente deu ciência aos invasores da ordem de reintegração. No local ainda permaneciam cerca de 200 pessoas, que saíram de forma pacífica, usando a logística de transporte oferecida pelos órgãos de apoio da Prefeitura de Iranduba, representada pelo procurador-geral Lincoln Tavares, que acompanhava a equipe policial.
De acordo com o comandante da operação, major Felipe Don, não houve resistência dos invasores, que se disseram cientes de que teriam de abandonar a área. O oficial da PM afirmou que boa parte da área invadida sofreu fortes danos ambientais, tendo sido desmatada praticamente na base da queimada, como é possível constatar.
Em dez dias, esta foi a segunda maior área em que o sistema de Segurança Pública do Amazonas teve que deslocar sua força policial para fazer valer uma decisão judicial de retirada de invasores de terras particulares.
Às 18h20 do último sábado, de forma pacífica e humanitária, foi encerrada a maior reintegração de posse de terras invadidas da história do Estado, entre os quilômetros 4 e 6 da rodovia Manoel Urbano, AM 70, no município de Iranduba, distante 25 quilômetros de Manaus. A área mede quase 1,6 milhões de m², o que equivale aproximadamente a 10 mil campos de futebol.
De acordo com a ordem judicial, as terras que pertencem a Orciney Alencar de Oliveira, Gilberto Ramos Maquiné e igreja Assembleia de Deus, foram ocupadas há três meses por aproximadamente 6 mil pessoas.
A operação de retirada, sob o comando do coronel PM Aroldo Ribeiro e coordenação do Gabinete de Gestão Integrada (GGI), por meio do delegado Frederico Mendes, começou na última segunda-feira (23), no quilômetro 4. De acordo com o coronel Aroldo, foram dias de intensas negociações, sempre buscando entendimento para que os invasores saíssem de forma ordeira e pacífica. “Apesar de todo clima de tensão e hostilidade por parte do grupo, cerca de 300 pessoas, a ação das polícias chegou ao final sem nenhum disparo, nem chegou mesmo ter uso de arma não-letal”, disse.
O secretário-executivo do GGI, delegado Frederico Mendes, disse que o sistema de Segurança Pública, com apoio da prefeitura de Iranduba, deu toda assistência para que os invasores pudessem ter transporte para locomoção e retirada dos pertences. “Tínhamos uma logística com quase 40 veículos entre caçambas, ônibus, kombis, caminhões à disposição para levar os invasores ao local indicado por eles”. A maioria foi para casa de parentes. E alguns já tinham residência fixa, e disseram terem sidos enganados pelas lideranças da invasão que fugiram”, explicou.
Frederico explicou ainda que houve uma preocupação muito grande com as crianças e idosos alojados de forma precária e sem condições de higiene. “Retiramos da área uma mãe que estava com as filhas gêmeas recém-nascidas. Alertamos para os perigos e ela aceitou sair”, explicou.
A Fundação Nacional do Ïndio (Funai) e a Secretaria Estadual para os Povos Indígenas (Seind) acompanharam toda a operação e fizeram levantamento entre os invasores para identificar quantos podiam comprovar origem indígena. Segundo o coordenador-técnico da Funai, Edivaldo Oliveira, cerca de 150 pessoas, de sete etnias, apresentaram o Registro Administrativo de Nascimento dos Índios (Rani). “Agora vamos checar se esse Rani é verdadeiro. No ano passado, de acordo com investigação da Polícia Federal, cerca de mil documentos foram falsificados. Depois iremos tentar inscrevê-los nos programas de habitação do Governo. Por enquanto, a maioria, será deslocada para o Parque das Nações Indígenas, no Tarumã”, disse.
Participaram da ação mais de 400 profissionais das polícias Civil, Militar, Federal, Corpo de Bombeiros, Funai, Seind, Secretaria de Assistência Social do Estado (Seas) e prefeitura de Iranduba. Só a Polícia Militar tinha um efetivo de quase 350 homens do Choque, grupamento aéreo, Canil, Cavalaria, Rocam e 8ª Companhia do Iranduba.
