Estelionato pela internet cresce 15%, alerta Polícia Civil

O estelionato pela internet cresceu 15% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Delegacia Interativa (DI) da Polícia Civil do Amazonas. A unidade é responsável pela apuração de crimes cibernéticos. A clonagem do número de telefone para usar o aplicativo de mensagens instantâneas está entre os principais registrados no período. Com esse golpe, os criminosos usurpam a identidade dos donos do número para pedir dinheiro emprestado de amigos e parentes.

Material apreendido.
Material apreendido. FOTO: SSP.

De janeiro até julho, foram registrados 149 golpes e fraudes pela internet, tipificados como estelionato, contra 127 do mesmo período de 2018. Nesses golpes por aplicativo de mensagem, os prejuízos às vítimas variam entre R$ 5 e R$ 100 mil.

Segundo o titular da Delegacia Interativa, o delegado Gesson Aguiar, muitas vezes as próprias vítimas acabam facilitando, sem saber, a ação dos criminosos. O modo mais comum de eles conseguirem um telefone é por meio de anúncios em sites populares de revenda de produtos usados na internet.

Com o contato, ele envia mensagem ao dono do número fingindo ser funcionário do site e transmitindo link para atualização cadastral. “O estelionatário informa à vítima que, caso ela não faça atualização de dados no site, o produto que ela está anunciando sairá do ar. A pessoa inocente clica no link, fornece o número de PIN do telefone, e assim o suspeito consegue clonar a vítima e começa a pedir dinheiro emprestado dos amigos pelo aplicativo de mensagem”, informou.

Uma orientação simples para se proteger desse tipo de situação é nunca fornecer o número do PIN do aparelho telefônico, número com seis dígitos solicitado todas as vezes que o aplicativo de mensagem é instalado em um novo aparelho. Outra medida é ativar a verificação em segunda etapa, que impede que o aplicativo seja instalado em outro aparelho sem antes enviar uma mensagem de aviso.

De acordo com Gesson Aguiar, os crimes são tipificados no Código Penal Brasileiro como invasão de dispositivo, falsa identidade e estelionato.

Ao descobrir que teve seu número clonado, o cidadão deve entrar em contato imediatamente com a operadora de telefonia para solicitar o cancelamento do chip. Posteriormente, é possível recuperá-lo na operadora.

Delegado Gesson Aguiar, titular da Delegacia Interativa.
Delegado Gesson Aguiar, titular da Delegacia Interativa. FOTO: SSP.

Redes abertas

No caso de hackeamento e invasão de celulares, o delegado Guilherme Torres, titular da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD), alerta os cidadãos que costumam conectar o telefone celular em redes de Wi-Fi públicas, como em aeroportos, shoppings, empresas, além de utilizar entradas USB como forma de carregar o telefone em locais públicos com grande circulação de pessoas.

“Quando você se conecta a redes abertas, coloca o seu telefone em situação vulnerável. Os hackers colocam aplicativos espiões nessas redes aguardando que as pessoas conectem. Quando conecta, a pessoa fica exposta e vulnerável. Até mesmo em redes privadas de Wi-Fi, assim como na questão do USB, pois é contaminada por vírus que esses criminosos cibernéticos implantam para terem acesso ao seu celular”, informou.

Indicadores

O registro de crimes cibernéticos aumentou nos primeiros sete meses de 2019 no Amazonas. Conforme os dados da Delegacia Interativa da Polícia Civil, até julho foram registrados 986 casos no estado, a maioria crimes contra a honra. São calúnias, injúrias e difamação pela internet.

Os estelionatos vêm na sequência com 149 registros. O uso de falsa identidade é o terceiro colocado, com 141 casos. Depois está os registros de invasão de dispositivo informático, com 119 casos, o crime que mais aumentou. Foi do dobro do registrado em igual período do ano passado. Furtos (33) e extorsão (15) também compõem a lista.

Quadrilha praticava golpes de dentro do presídio

Neste mês de setembro, a Polícia Civil do Amazonas desarticulou uma quadrilha que aplicava golpes pela internet em um site de compra e venda em oito estados brasileiros, incluindo o Amazonas. A investigação foi comandada pela Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD). Até o momento, 30 vítimas foram identificadas no Amazonas.

Os golpes eram praticados de dentro do presídio estadual em Mato Grosso, por presos que controlavam o esquema criminoso.

A Operação Falsários foi realizada em conjunto com policiais civis lotados no município de Rondonópolis (MG). Os indivíduos fraudavam anúncios no site para agirem como intermediadores durante as negociações e aplicavam golpes em compradores e vendedores.

Ao longo do último dia 3, a operação resultou nos cumprimentos de 16 mandados de prisão temporária, por associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro, além de três mandados de busca e apreensão.